terça-feira, 30 de junho de 2009

Risofia



Milimetricamente dosada e com a mínima perspicácia exigida, a risofia pode ser mais do que uma simples teoria ingênua e tola a fim de convencê-lo a não levar a vida tão a sério. É claro que como qualquer outra filosofia ela pode levar algum tempo para ser espontaneamente praticada num cotidiano. Requer treino e persistência. É necessário levar a sério os seus mandamentos. Como o próprio nome sugere, o riso com sabedoria torna nossa vida muito menos entediante e marasmática. Ela abre portas e conquista territórios. Com o passar do tempo e já superada a fase de adaptação, o praticante nem se dá conta que involuntariamente está praticando essa arte.

Discípulo da Risologia (terapia do riso), a risofia proporciona ao seu praticante experiências positivas e eficazes na luta por uma vida mais prazerosa. Utilizada como válvula de escape - e aqui cabe esse artifício -, chegamos à conclusão que somente benefícios ela nos traz, sejam eles no seu âmbito familiar ou social.
Uma pessoa que não ri, é um terrível flagelo numa sociedade, e em outros casos pode sofrer de alguma patologia. Perdoem-me os experts, mas se for possível cometer altruísmo a favor de você mesmo, então a risofia é um ato de insondável amor para consigo.

É claro que não devemos sair por aí rindo das desgraças e desventuras de nosso semelhante. Devemos adotar a risofia coerente com a nossa realidade. Frejat gravou: “... mas quem ri de tudo é desespero.”
Rir é o melhor remédio. Fato inegável. Ria e traga mais pessoas pra perto de você. Rir é uma terapia sem efeitos colaterais. Quieta, acalenta, alegra, restabelece, uni, atrai. Manifeste esse dom e perceba a capacidade divina de mudar pra melhor o seu dia.
O inseguro lamenta, o confiante ri. Ria de seus embaraços e das impertinentes situações improvisadas.
Rir é causar alegria. É expandir os horizontes. É ganhar mais vida.


Risosofe!!!!Risofise!!!!Risofisterise-se!!!









Edu Bachiéga


Nota: A palavra risofia é um termo criado pelo autor apenas para ilustrar filosoficamente a idéia do texto.

sábado, 27 de junho de 2009

Caminhos




Numa tarde serena e fria, encontrava-se pensativo. Pensou no que fizera até ali, nas pessoas que conheceu, nos lugares que visitou, nos sabores que degustou. Em seguida pensou no que não fizera até ali, nas pessoas que não se permitiu conhecer, nos lugares que por medo do novo não visitou, nos sabores que preconceituosamente rejeitou provar. Tantas perguntas fez a si mesmo e quase respostas não encontrou. Numerou os casos mal resolvidos, as histórias interrompidas, os projetos engavetados. Sobraram reticências.
Aqui chamaremos as escolhas de caminhos. Ruas.
Encontramos ao longo de nossa jornada milhares de caminhos. Alguns são estreitos, de terra, com pedras que dificultam a passagem; esburacados. São ruas sem nome, CEP ou saída.
Na incansável busca pelo novo, e cheios de entusiasmo, acabamos por nos deixar seduzir pelo brilho das luzes de néon e fatalmente caímos na cilada do cenário falso. Onde a alegria e o entusiasmo deixam lugar para a frustração da desilusão. Por isso vale à pena lembrar: “Nem tudo que enche os olhos, alimenta o coração.”

Voltando a reflexão inicial, percebeu que era jovem demais para entregar os pontos assim de bandeja. Se for pra desistir, que seja de ter medo, e se for pra pedir água que seja quando tiver sede. Decidiu não mais nadar contra a corrente, não mais caminhar quilômetros no escuro. Preferiu acreditar na virada, e com um GPS em mãos programou: SEM LIMITES AS POSSIBILDADES e apertou o enter.





Edu Bachiéga

domingo, 21 de junho de 2009

A última carta




Foram tantas as promessas e juras, tantos planos compartilhados num mesmo sonho. Foram olhares sinceros, e quando digo sinceros é porque senti no suor das mãos e na palpitação desenfreada do menino coração. Foi na troca de carinho que percebi o quão majestoso é observas as estrelas no céu. Mesmo com tantos rios e curvas a separar a junção carnal, deu pra acreditar que tudo aquilo seria pra sempre. Sem mais delongas, não é esse o ponto em que quero chegar. A questão é: Como posso apertar a tecla Delete das minhas lembranças e sepultar sem remorso aquilo que um dia tanto me fez bem?


Achei loucura e por isso não me esqueço; certa noite, anos depois do “assassinato”, viajando numa onda pra lá de alucinógena em Camburí (litoral norte de SP) um lugar lindo com uma praia fantástica, sentado no alto de uma escadaria, avistei ela que sempre foi o talismã da nossa verdade, ali, um pouco mais a esquerda das Três Marias, brilhando a fim de conquistar a minha atenção. Mais piegas impossível. Ria pra tentar disfarçar aquele surto de sentimentos e lembranças que me envolvia dos pés a cabeça num transe psicodélico de emoções. Lembrava daquela noite em que deitados na esteira, iluminados pelo luar e ao som das ondas quebrando pertinho de nossos pés, prometemos a nós mesmos que enquanto a Sra. Iluminada existisse, o nosso amor também existiria, posto que a vida seria pouco pra tanto amor.Modéstia a parte, o mural de fotos exposto no quarto estava sempre cheio. Tinha de todas as cores e tamanhos, então por que se prender a quem de você se desprendeu?


Hoje, tentando ser adulto, entendo que foi tudo por causa da inocência. Corações jovens são em sua maioria inexperientes, portanto, inconseqüentes. Falam demais no momento que amam e não medem o grau do amanhã. Pronto. Mistério resolvido, história terminada. Alguém com dezoito anos de idade não sabe o quer para toda uma vida. Como pude ser tão tolo e não pensar nisso antes? Agora não será tão difícil destruir os registros matérias - já que os do coração são irreparáveis e diferentemente indispensáveis -, não como a cinco minutos atrás.


Certo é que em meus pensamentos levarei com carinho as boas lembranças desse que mais pareceu um conto de fadas sem final feliz. Faço porque sou assim mesmo, apegado as coisas que me fizeram feliz, grato às provas e lições que recebi da vida deixando claro que esta merece ser confraternizada com todo o nosso ímpeto . Sobra agora esse sentimento fraterno e ingratificavel, que se auto-alimenta de esperança e gratidão. Poucos sentimentos se comparam com o orgulho de ter carregado tanto amor e posso me considerar um felizardo, porque sou fruto desse amor, e isso me aquece a alma.


Querer ver-te novamente é um desejo que eu pediria ao gênio das mil e uma noites. Olhar em seus olhos, pegar suas mãos. Ver você rir quando eu te contar sobre minhas paranóias. Despeço-me esperando que em você tenha sobrado algo daquele brilho que eu enxerguei, pois se assim não for, já não valerá a pena.


Edu Bachiéga

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Respostas para cada folha em branco


Teorias incapazes de explicar um feedback tardio. Para toda pergunta uma resposta, para toda ação uma reação. Respostas invisíveis aos olhos em primeira instância, segunda ou terceira.

As páginas em branco de nossa história colocam em dúvida a nossa existência. Não faz sentido algum deixar as peças desencaixadas. Se arriscar sim, se preciso, revirar o passado ou procurar alguém, por que não? Não se acomodar sobre as circunstâncias fáceis ou seguras e enfrentar o medo da verdade. Você colhe o que planta e isso fica cada vez mais nítido dada a veracidade com que a vida da as suas voltas e ainda nos surpreende com um fruto doce e maduro, plantado quando ainda era completo o desejo de ser feliz.

Os filósofos com todos os seus questionamentos, revolucionaram o modo de pensar da humanidade e deixaram essa lição para a posteridade. O futuro só fará sentido quando todas as folhas da vida forem minuciosamente preenchidas até o presente. Quando consultados os registros de determinada fase de nossa biografia, entenderemos facilmente o porque dos resultados atuais, saberemos exatamente onde erramos e o que fazer para reparar/restaurar o possível erro ou falha.

Nunca é tarde para o mudar o presente, vale a pena consultar o seu diário secreto e medir as possibilidades, se fomos felizes naquela época, por que não praticarmos as mesmas rotinas de outras horas? Ou será que a mutação natural de génio foi capaz de suprimir a nossa verdadeira essência?

A voz cantou: "...ainda somos os mesmos, e vivemos..."

O resto é lucro.

domingo, 14 de junho de 2009

O amor sempre vale a pena



Alguém disse: - O amor sempre vale a pena! Difícil concordar senão tiver sentido na pele essa experiência. Em alguma situação essa frase pode até soar meio masoquista. Como pode valer a pena chorar por um amor não correspondido? Passar uma noite inteira sem dormir na tentativa de bolar um plano pra ficar mais perto desse alguém. Ficar emocionado com aquele filme de romance no meio da tarde ensolarada, enquanto a tia ronca sentada no sofá ao lado. Vibrar com o final feliz que tiveram os personagens do Toni Ramos e da Regina Duarte na novela das oito, como se fosse você e ela ali na telinha. Viajar em pensamentos sempre que ligar o radio e ouvir "aquela" música. Morrer de ciúmes toda vez que o carinha do trabalho dela oferecer uma carona no carrão importado que ele ganhou dos pais. E sofrer em dobro toda vez que ela aceitar o convite. Não é possível que alguém ainda ache que tudo isso faz o amor valer a pena.

Conforme-se, porque ainda assim, vale a pena. Sempre vale a pena. Vale pelas lições que aprendemos, vale porque com essas lições nos tornamos mais pacientes, tolerantes, humanos. Faz bem interiormente e exteriormente também. Vai dizer que sua vaidade não fica bem mais eminente nesse estado? Você se preocupa em combinar as cores das roupas que veste antes dos encontros - que muita das vezes você arranja de caso pensado e faz parecer coincidência - se preocupa com o perfume que vai usar, se preocupa com o penteado que vai exibir. Isso transpassa às pessoas que estão a sua volta. O brilho que leva em seus olhos contagia um coletivo de pretendentes e você nem imagina. Portanto, se A não te enxergar, tenha certeza que outras vinte e cinco farão valer a pena. E vai valer também, porque ainda que se passem dezenas de anos, um dia, de alguma forma, a vida vai te recompensar por tudo aquilo que você até involuntariamente dedicou a outrem. O que vai, vem. Seja como for. Então preocupe-se menos com o futuro dessa relação. Seja intenso. Intenso mesmo. De verdade. Não guarde palavras bonitas para momentos especiais, não ensaie versos, apenas seja verdadeiro. Não esconda olhares nem poupe abraços. Não dê esmolas de carinho. Esbanje amor. Faça por você. Siga seu coração e não se preocupe com o que vão falar, apenas tenha dentro de você a certeza de que foi tudo o que podia ser e deu todo o amor que podia dar. A vida com suas artimanhas saberá na hora certa te recompensar.