quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Lição de casa

Mesmo sem entender todos os porquês da vida, sigo abraçado a minha fé e esperança.


Percebo a cada dia que escorre mais rápida e impiedosa a areia da minha ampulheta.




Os doentes respiram com dificuldade, todavia, respiram.


Apoiado em suas muletas encontro um coxo que já desenganado sorri para a vida. E aquele que sempre foi exemplo de saúde perfeita, vai embora.



Na busca por respostas, evoluí mais um pouquinho.


Aprendi a pedir perdão, mas talvez ainda não saiba como perdoar de verdade. Tento.


Com facilidade compartilho do amor dado pelo outro, mas partilhar o meu....


Autoconhecimento, busca incessante.


Sozinho não há paz, não há amor, não motivo algum.


Dar mais que receber. É assim que é.


Valorizar a simplicidade da vida, lição de casa.


Só de passagem nesta Terra, só quero que seja bom.



Edu Bachiéga

sábado, 2 de outubro de 2010

No sonho que sonhei



No meu sonho eu soprava um sax reto, e o som da minha música alcançava as estrelas, que em forma de agradecimento riscavam o céu me proporcionando um espetáculo que compunha com mais brilho o meu clip musical.

No meu sonho a minha arte era admirada, e com o reconhecimento justo pude viver dos frutos colhidos com abundancia durante todo o tempo que existia ali.

No meu sonho a pizza tinha vinte e quatro pedaços e o queijo estava sempre derretendo.

No sonho que tive, meus filhos enxergavam em mim a imagem de um amigo, e com beijos e abraços me pediam pra ficar.

Sonhando re-vi velhos amigos, e o carinho entre nós se fez presente como antigamente. Rimos e nos divertimos como se nunca tivéssemos nos separado.

No meu sonho a mulher da minha vida me olhou por longos segundos, e chorando disse-me: - Não sei viver sem você!

Neste sonho, meus pais e meus irmãos me acenavam com os braços abertos, na esperança da minha não-partida.

Consciente da frágil linha que separa o presente e o passado, abri os olhos molhados e pedi a Deus algum tempo extra para fazer valer a pena os meus próximos sessenta segundos.


Edu Bachiéga

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Meu pavor



Tenho medo de grilo, saruê, morcego, cobra e aranha.

Pavor eu só tenho de sapo. Morro se um sapo pular em mim. Não acredita? Flash back:

Esse montado na bis verde sou eu. É noite, a rua é de terra, e eu cantando todo “felizão” depois de um love bem sucedido na casa da namorada: “... sou feliz por isso estou aqui, também quero viajar nesse balão.” Quando...

- Ali! Atrás do montinho de capim!

Aquele bandido asqueroso e nojento estava na espreita, só me esperando para dar o golpe.

Já viu sapo ninja? Nããão? Ele existe, e sua missão era roubar a minha moto. (tá, a moto não era minha, era da quase sogra. Mas àquela altura eu já havia dominado a verdinha)

Eu a 40km/h, distraído e ... um incrível salto em slow moution.

Na mosca. Quer dizer, no painel da moto. Eu e o sapo, cara a cara.

Eu, homem feito, másculo e machista. O que acha que fiz? Pulei da moto em movimento, é claro.

Caído ainda pude ver o olhar anfíbio me dizendo:

- Perdeu playboy!

Pra minha sorte, o sapo ninja não alcançou o pedal do freio e ao passar por um buraco em alta velocidade foi para o chão junto com a moto. “Ploft”. Bem feito! Nem me preocupei com os danos na lataria da moto, afinal, a culpa era do sapo ninja, eu fui apenas a vítima.

Levantando rapidamente, bati a terra da roupa e montado na moto corri o mais rápido que pude. Vai que o danado resolvesse assoviar para os amigos virem me pegar. Eu hein?! Tô fora!

Edu Bachiéga

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ainda assim

A jaqueta poderia ser preta, de couro, fazendo bem o estilo Mad Max de ser. Mas era MARROM.Se existe uma cor para ser chamada de feia, posso dizer que essa cor é o marrom. (gosto é gosto, e ponto.)


Botas pretas e estilosas tipicamente “motoqueiral”? Quem dera! Ao invés, sapatênis descolado (do verbo abrindo o bico mesmo) e coincidentemente brega marrom.


O rosto não via uma lâmina de barbear a pelo menos oito dias – e não pense que esse aspecto “rústico” o fez ficar parecido com o peão Tião (novela América da rede Glóbulo de televisão). "Tava" com jeitão relaxado mesmo.


O topete (não adianta fazer cara de desaprovação, o topete já é parte integrante daquele corpo) com função inútil por conta do capacete ROXO (cor de valor semelhante ao marrom), deu o toque final ao “look fashion” do rapaz.


Seriam aqueles, apenas meros detalhes se a motocicleta que ele guiava fosse ao menos de longe parecida com uma motocicleta. O fato é que a tal da motorizada mais parecia um camelo sobre rodas. Perceba;


- Banco rasgado

- Aros enferrujados

- Tanque amassado

- Seta pendurada

- Adesivo manchado e descolado

- And... lama. Muita lama.


Com fineza e elegância, manobrou a velha e guerreira titã defronte à agência bancária.

Caminhando em direção a porta giratória, deu de cara com a própria imagem refletida à La ghost no vidro. Por alguns segundos encarou-se e observando a si mesmo concluiu:


- Hoje estou infalivelmente sensual!


Sorriu para a atendente após pagar a conta e foi embora cantarolando:


- Me chamo lobo mau. Eu sou o tal, tal, tal...



E quem poderá dizer o contrário?


Edu Bachiéga

domingo, 4 de julho de 2010

A beleza do ser belo



Lábios desenhados, silueta alinhada, olhos hipnotizantes. Pele cuidada, pêlo aparado e musculatura definida. A beleza não está em nenhuma dessas características físicas.

A beleza do ser belo está na maneira com que se traduz de dentro pra fora as virtudes de caráter já impressas em sua maneira de ser.

Ser belo é ser inteligente. É usar da sabedoria para amenizar qualquer agonia.
Ser belo é dar amor quando lhe oferecerem ódio. É desejar paz a quem quer guerra.
É ser responsável, chegar no horário marcado e honrar os compromissos.
Ser belo é ter gratidão a quem por vez oculta lhe estendeu a mão.
O ser é belo quando trata com carinho e gentileza as pessoas que o rodeiam.


É belo assumir os erros e quando necessário pedir perdão.


"A beleza do ser belo está na humildade com que se admiti não ser capaz de ser o melhor sempre. "

É belo o poder da auto-estima, a confiança na própria capacidade de ser feliz e a indiferença perante o julgamento dos soberbos pretensiosos.
A beleza física de alguém pode estar sufocada entre os maus costumes que mecanicamente camuflou e reprimiu a sua verdadeira beleza.
Não há nenhuma suprema beleza física capaz de resistir à indiferença de um olhar impiedoso.


Torna-te feio guardar rancor, mentir e ser desleal. E acredite, ter olhos azuis e cabelos encaracolados não é o suficiente para torná-lo belo.


É belo fazer um amigo, passar verdade no olhar e receber um abraço que diz: Obrigado!
É belo aconselhar e alertar, tomar partido em benefício de um outro.

A beleza do ser belo esconde-se na simplicidade de um gesto sincero.
Ser belo é não julgar. É não roubar. É não matar.
A beleza se auto-embuti num bom dia, num como vai ou num agradecimento.
Que a beleza do ser belo seja pra sempre admirada e almejada por nós.
Edu Bachiéga

terça-feira, 1 de junho de 2010

Herança




Um dia a chama da vida se apagará, e antes que esse dia chegue, pergunte a si mesmo que herança tem deixado nesta Terra.

Quantas árvores você matou e quantas você plantou?
Quantos problemas você causou e quantos você solucionou?

Se alguém te perguntar sobre os amores resolvidos, seu coração estará tranquilo?

Hoje é o dia para se fazer o correto.
Abrace os amigos e ame à quem tanto lhe quer bem.

Hoje é o dia de fazer acontecer aquele sonho perdido,que entre tantos, este jamais será esquecido.

Hoje é o dia de construir um abrigo, ter compaixão por um indivíduo e adota-lo ao seu convívio.

O amanhã é improvável, o que conta é o agora.

Quero hoje fazer alguém feliz. Sorrir de volta à quem sempre me sorriu mesmo sem eu lhe dar qualquer motivo aparente.
Quero hoje doar compaixão à quem em nome de Deus chamo de meu irmão.

Hoje vou agradecer em oração por toda sorte de vida, e só deixar de herança para o mundo o meu melhor.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ousadia


Definição: Audácia louvável, arrojo e atrevimento.

E quem poderá ir contra uma ação definida como louvável?

"Quem não ousa vive refém de seus próprios medos."

Descobri que não há mal algum ousar acreditando no próprio talento.

Sonhei, planejei e por vezes protelei o meu sucesso por medo de ousar.

Isso mudou quando a voz experiente que me viu engatinhar me alertou para a necessidade de ousar embasado em alguma certeza.

Viví na prática a glória pós-ousadia e tirei de meus ombros o peso da covardia. Portanto, aqui divido essa experiência que é de grande valia para toda e qualquer futura investida.

Só você é capaz de mensurar o tamanho do seu desejo por algum ideal.

Só você sabe até onde pode chegar.

Só você conhece o real significado dessa conquista para a sua vida. Então não se deixe levar pelo pessimismo e descrença de um outro qualquer que não partilha do mesmo sentimento que o seu.

É preciso:

Ter ousadia para mudar.

Para inovar.

Para começar e terminar. Para tentar e desistir.

Ter ousadia é ter atitude.

Contrarie o cético. Surpreenda o incrédulo. Valorize o que há de melhor em si e vá à luta.

Ninguém é alguém o suficiente pra dizer que o seu sonho não vale à pena.

Ouse degustar um novo paladar.

Ouse usar outra cor de camisa.

Ouse um novo corte de cabelo.

Ouse conhecer outra tribo.

Ouse andar na contramão.

Ouse mudar a direção.

Ouse adotar, ouse doar.

Ouse arriscar... ouse viver!

sábado, 30 de janeiro de 2010

O urso e o mel


Era uma vez um urso que gostava de mel. Ele vivia feliz numa linda floresta, cercado de flores e frutas. Levava uma vida com poucas emoções, mas ainda assim prazerosa.

Ele não se queixava em subir as altas arvores para conseguir o mel, até porque o fazia de maneira instintiva.

Vez por outra algum animal da vizinhança perguntava:

- Com tantas opções na floresta, você não enjoa de comer mel todo dia?

E o urso com um sorriso no canto da boca respondia:

- O mel me fascina. Ele me dá forças, ânimo, me faz sorrir e ainda me alimenta. Sinto-me satisfeito e não vejo motivos para provar outras coisas. Deus tem sido generoso comigo, já que nunca deixou esse mel faltar. Todos os dias eu acordo com a certeza de que o mel estará ali no favo, pronto para me alimentar. Não preciso tirar vidas, nem preciso inventar alternativas, o mel vem de graça e de forma natural.

Convencidos os animais respeitavam a decisão do nosso amigo urso.

Certo dia, o urso resolveu procurar alguma emoção. Afastou-se da floresta e seguiu rumo à cidade. Perdido e com fome logo o urso foi capturado e levado para o zoológico mais próximo.

Recebeu tratamento de rei. Uma grande jaula só pra ele imitava o cenário tropical onde ele viveu por toda a vida. Ofereceram-lhe broto de coqueiro, aves, ovos e até pequenos insetos. Nada agradava o urso.

Já fraco e mais magro, o urso sonhava com o favo de mel.

Semanas depois, um entendido sobre ursos ofereceu-lhe um sache de mel. O urso sorriu.

E assim vive o urso; enjaulado e “bem” alimentado.

Domesticado e tentando se adaptar a nova vida, o urso sempre que tem fome saboreia o mel com gosto de plástico do sache.

Com tudo, ele sonha e não perde as esperanças de um dia viver na sua floresta, e se alimentar do puro mel.

Quem é o urso? O que é o mel?

Fácil né?!


Edu Bachiéga