Era uma vez um urso que gostava de mel. Ele vivia feliz numa linda floresta, cercado de flores e frutas. Levava uma vida com poucas emoções, mas ainda assim prazerosa.
Ele não se queixava em subir as altas arvores para conseguir o mel, até porque o fazia de maneira instintiva.
Vez por outra algum animal da vizinhança perguntava:
- Com tantas opções na floresta, você não enjoa de comer mel todo dia?
E o urso com um sorriso no canto da boca respondia:
- O mel me fascina. Ele me dá forças, ânimo, me faz sorrir e ainda me alimenta. Sinto-me satisfeito e não vejo motivos para provar outras coisas. Deus tem sido generoso comigo, já que nunca deixou esse mel faltar. Todos os dias eu acordo com a certeza de que o mel estará ali no favo, pronto para me alimentar. Não preciso tirar vidas, nem preciso inventar alternativas, o mel vem de graça e de forma natural.
Convencidos os animais respeitavam a decisão do nosso amigo urso.
Certo dia, o urso resolveu procurar alguma emoção. Afastou-se da floresta e seguiu rumo à cidade. Perdido e com fome logo o urso foi capturado e levado para o zoológico mais próximo.
Recebeu tratamento de rei. Uma grande jaula só pra ele imitava o cenário tropical onde ele viveu por toda a vida. Ofereceram-lhe broto de coqueiro, aves, ovos e até pequenos insetos. Nada agradava o urso.
Já fraco e mais magro, o urso sonhava com o favo de mel.
Semanas depois, um entendido sobre ursos ofereceu-lhe um sache de mel. O urso sorriu.
E assim vive o urso; enjaulado e “bem” alimentado.
Domesticado e tentando se adaptar a nova vida, o urso sempre que tem fome saboreia o mel com gosto de plástico do sache.
Com tudo, ele sonha e não perde as esperanças de um dia viver na sua floresta, e se alimentar do puro mel.
Quem é o urso? O que é o mel?
Fácil né?!
Edu Bachiéga